Naquela noite caí na cama arrependido por não ter seguido outra profissão. Nem carneirinhos conseguia contar mais. Aqueles alunos mal criados apareciam no meio deles pulando. Só fui dormir depois de uma hora. Para não variar sonhei novamente com a escola.
A Supervisora chegava com excelentes notícias. Seria o fim da Promoção Automática? Não! Melhor ainda: desta vez o governo tinha mudado as leis. Agora só iriam permanecer na escola os alunos que estivessem realmente interessados em aprender. Aqueles que não queriam nada com nada seriam colocados para fora da escola. Isso mesmo, não quer estudar que fique em casa. Mais de cinquenta por cento dos nossos alunos só estavam indo à escola porque eram obrigados.
Sem esses alunos a escola virou um paraíso. Qualquer professor conseguia dar aulas nela. Menos eu, pois fiquei do lado de fora!
Ocorreu que, ao perder cinquenta por cento dos alunos, a metade dos professores ficaram desempregados e eu fui um deles devido a minha baixa pontuação.
Nunca vi tamanha injustiça:
Logo eu que queria tudo com tudo fui colocado para fora da escola exatamente ao lado daqueles alunos que não queriam nada com nada.
No dia seguinte, ao chegar à escola, dei de cara com todos aqueles alunos malcriados na minha frente. Fiquei feliz, pois tudo não passou de um sonho. Ainda bem, porque a única coisa que eu sei fazer nesta vida é dar aulas.
PS: “REDE FALIDA”: O poeta se refere à rede onde o Professor dormia enquanto sonhava. Tipo assim: ela poderia estar muito rasgada e sem chance de ser remendada.
Ufa! Será que eu consegui disfarçar a minha crítica com este esclarecimento simulado? Até porque eu sou heterônimo de um Supervisor de Ensino e ele não poderia estar atacando o Rede oficial de Ensino!!!
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