A sociedade contemporânea avançou nas tecnologias, mas retrocedeu quanto à preservação da natureza.
A taxa de homicídios caiu de 1000 anos para cá.
Considerando que a população está cada vez mais espremida no mesmo espaço podemos entender que hoje respeitamos mais o espaço do outro do que antigamente. O município de São Paulo, por exemplo, ao completar 330 anos, contava com apenas sessenta e cinto mil habitantes e hoje tem mais de doze milhões.
Na famosa era do TUNK* as pessoas matavam e morriam sem sequer terem sido catalogadas. O avô da minha esposa e outros carpinteiros de sua época fabricavam em seus quintais caixões de defunto para criancinhas para atender à alta demanda da sociedade.
Os mais ricos de antigamente tinham apenas a quantidade de pobres que necessitavam. Nas guerras eles colocavam os mais pobres na frente para morrer primeiro e as mulheres pobres morriam em média aos 32 anos de idade.
Se por um lado perdemos o verde, os rios de água potável e muitas espécies animais dentre os quais aqueles que se alimentavam de gente, por outro lado ganhamos conhecimentos e descobrimos uma infinidade de meios de comunicação. Descobrimos também outras felicidades que até então não existiam: no lazer, no conviver, no trabalho, na alimentação, etc.. Porém não são todas as “pessoas deste mundo” têm acesso a estas maravilhas: somente aquelas que os governantes sempre consideraram “pessoas deste mundo”.
Há 3.000 anos quatro escravos adultos carregavam em seus ombros uma liteira coberta de pano com uma poltrona onde os mais ricos eram transportados. Hoje quatro crianças sem oportunidade de seguir estudando cortam as canas para produzir o Etanol que alimenta o potente motor de um veículo de luxo que cumpre a mesma finalidade. Prefiro a exploração dos quatro escravos adultos de 3.000 anos atrás do que a exploração velada destas crianças pobres cuja sina pouco comovia a Justiça Brasileira.
Vai aí um poeminha meu. Confira antes o significado de duas palavras.
CARRANÇA: “pessoa que vive presa ao passado, às tradições”. O termo em si não é ofensivo.
CARRANCA: fisionomia sombria, carregada, que denota mau humor.
CARRANÇAS E CARRANCAS
Guardando só as “coisas boas” do passado
Vendo só as “coisas ruins” do presente
CARRANÇA cara de carranca
Você nunca está contente
Almoça janta e dorme lembrança
Cola sua cara na barranca**
Porque de lá ninguém arranca
Você, CARRANÇA, ainda não viu
A beleza deste rio
* “era do tunk”: época em que os sanitários eram feitos de madeira, tinham um buraco no chão e quando as pessoas defecavam ouviam o saudoso “tunk” gerado pelo choque de suas fezes la no fundo da privada. (Termo criado pelo poeta Jairo de Seilaoquê)
** As diferentes camadas na barranca de um rio mostram os diferentes níveis do seu leito ao longo do tempo
“Carranças e Carrancas” é um poemeto de 9 linhas da série Novelinhas Maltragadas de Jairo de Seilaoquê
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