Criei meu primeiro poema e vi que era bom.
Segui criando e hoje posso admirar centenas deles todos criados por mim.
Para que fossem críticos permiti que tivessem livre arbítrio a tal ponto de expressarem suas próprias opiniões.
De repente, alguns deles estavam convencendo os demais de que eu não existia. Que nasceram sozinhos, assim do nada. Vê se pode! É duro ouvir a própria obra dizer diante da nossa cara que a gente não existe. Isso me deixou profundamente entristecido porque eu não tolero POEMA ATEU. Acho até que eu sou um “deus” muito preconceituoso!
Decidi então cortar o mal pela raiz eliminando os poemas ateus um por um antes que contaminassem todas as minhas criaturas. Porém, não quero que nenhum dos meus poemas que se consideram crentes façam isso por mim. Eu não preciso da ajuda deles para julgar e condenar os meus poemas ateus. Até porque muitos deles também são ateus e fingem que acreditam em mim.
Jairo de Carvalho é minicronista, minicontista e minipoeta
???????
duas horas depois…
ACABEI DE PEGAR UM DELES… Vejam:
POEMA ATEU
Os meus colegas poemas acreditam em inspiração
Mas eu não!
São defensores da geração espontânea
que diz que um ser superior chamado poeta
mergulha no subconsciente e
PUFT… NASCEMOS!!
Esta teoria não me é correta
pois eu sou um poema ateu
que não acredita em poeta
(Jairo de Carvalho)
PS: Esta minicrônica exalta o Deus Único e Misericordioso, uma vez que somente este “deus” da crônica eliminaria os ateus.
Interessante observar também que a eliminação dos primeiros ateus, acompanhada de uma justificativa clara de que
“NÃO ACREDITAR NA EXISTÊNCIA DE DEUS” tenha sido a motivação, faria com que os ateus sobreviventes se convertessem imediatamente. Não exatamente pelo Temor, mas pela simples constatação de que Deus existe, uma vez que se Ele NÃO EXISTISSE não estaria eliminando os ateus um por um. Vejam que estou advogando em favor daqueles acreditam em Deus e não dos ateus. Concordam?