POESIA NA BRASA *

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Leitura de poema só com cadência
Leia ouvindo a declamação

 

Numa escola
que só conhecia carne cozida
apareceu por lá
um poeta meio esquisito
com seus versos feitos na brasa
“Esta carne é uma delícia”
a diretora dizia
“… mas não é poesia”

Todos se encantavam
com o seu incrível churrasco de letras
mas além de muitos aplausos
apareceram algumas caretas
“O sabor está divino”
cada professor dizia
“… mas não é poesia”

Se fosse poesia de verdade
alegraria a alma de todos sem exceção
incluindo todos os políticos da nação
e até o mais corrupto deles diria
“Isso sim é poesia”

“Oh, Meu Deus!
Os alunos estão gostando
E agora o que nos resta?
Churrasco estraga o apetite
Acabe com esta festa”
Estava ali a primeira prova
de que este prato não prestava
“porque aluno só gosta do que não presta”

“Tirem a carne do cardápio”
Disse uma professora de literatura
“… vamos servir só vegetais
e esse tal de churrasco
que nem carne deve ser
fica fora do currículo”
Um professor querendo rimar disse
“Mas isso é ridículo!”

Conforme a discussão crescia
as rimas iam aumentando
e o professor crítico de filosofia
estava ali manifestando
“Eu não sei quem é este poeta
Desconheço esse fulano
Mas não critiquem churrasco
só em casa de vegetariano
porque lá na churrascaria
ninguém concordaria
com o que vocês estão falando”

A cacetada foi tão forte
que a reunião seguiu sem rima
“Churrascaria não existe!”
Retrucou a professora de literatura
“Não existe mas há de se fazer
pois o churrasco está inventado”

“Nossas escolas não precisam de churrasco
já têm merenda superfaturada”
Disse a consciência de um Governador
que imediatamente incumbiu cada Supervisor
de expulsar o churrasco dos estabelecimentos de ensino
E assim com todo esmero
recuperaram o antigo cardápio das escolas públicas
como se seus filhos estudassem nelas

O poeta seguiu declamando
porém do lado de fora das escolas
onde o mundo real existe
E quando algum aluno pedia
um pedaço de poesia na brasa
não havia resposta mais triste:

“Churrasco é mesmo uma delícia”
cada autoridade dizia
“… mas não é poesia”

Contexto de criação desta obra:

 

 

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